ACL - FUNDO DE ARQUIVO CARLOS LACERDA
 / Artigo de Ubiratan Brasil sobre "Minhas Cartas e as dos Outros".
"Um dos bens mais estimados por Carlos Lacerda (1914-1977) era um baú onde costumava guardar cópias das cartas enviadas para diversos interlocutores, além das respostas. E não eram poucos documentos - em contato constante com personalidades do mundo político e artístico, tanto no Brasil como no exterior, o homem que comandou a ferrenha campanha contra Getúlio Vargas em 1954, culminando com o suicídio do então presidente, colecionava quilos de papéis, certamente já preocupado com sua biografia.

‘Essa intensa troca de cartas tem tal dimensão que dificilmente será suplantada por qualquer outro arquivo em quantidade e na qualidade’, acredita o historiador Túlio Vieira da Costa, que comandou uma equipe responsável pela seleção da correspondência que integra os dois volumes da obra Minhas Cartas e a dos Outros, lançados agora pela Editora da Universidade de Brasília (333 e 358 páginas, respectivamente, ao preço de R$ 54 cada). Os originais foram escolhidos entre os quase 60 mil itens que integram o Fundo de Arquivo Carlos Lacerda, acervo entregue pela família do político à UnB, em 1979. Em meio a um material tão vasto, Costa decidiu escolher cartas de épocas marcantes da vida de Lacerda. Além disso, resolveu ainda selecionar também as missivas recebidas de escritores e políticos, estabelecendo um proveitoso diálogo.

Lacerda construiu uma carreira de grande importância histórica. Segundo o historiador José Honório Rodrigues, trata-se da personagem civil que possivelmente mais influenciou com eficácia nos rumos da história brasileira entre 1945 e 1968. Participou, por exemplo, na deposição de cinco presidentes da República: Getúlio Vargas (duas vezes), Carlos Luz, Café Filho, Jânio Quadros e João Goulart. Cinco, se for levada em conta a queda da ditadura salazarista, em Portugal. ‘Por conta disso, decidimos deixar de lado as cartas trocadas com familiares, concentrando a atenção em nomes mais conhecidos’, explica Costa, que só publicou as cartas de terceiros depois de conseguida autorização de seus familiares ou detentores dos direitos legais.

É o que explica, por exemplo, a ausência da adaptação que Lacerda e Edgard Cavalheiro fizeram do Sítio do Pica-Pau Amarelo para um programa levado ao ar pela Rádio Gazeta de São Paulo, em 1943 - segundo Costa, os herdeiros de Monteiro Lobato se negaram a consentir a publicação. ‘Mesmo assim, selecionamos alguns documentos que fazem referência ao programa’, comenta. Por outro lado, Costa escolheu trechos que revelam um relacionamento intenso com os escritores, especialmente depois que fundou a editora Nova Fronteira que, recentemente, negociou a metade de seu controle acionário com a Ediouro.

Foi pelas cartas, por exemplo, que Lacerda descobriu ter em Carlos Drummond de Andrade um admirador e não um desafeto."

"As cartas de Lacerda", copyright O Estado de S. Paulo, 18/06/05
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